segunda-feira, 20 de abril de 2009

Angola 4

Neste diário inconsequente, que vou criando durante o tempo que estiver em Angola, faltam muitos dias e muitas páginas. Não que tenha perdido as páginas pois os dias, esses vivi-os, não sei se bem, se mal, se até à exaustão, se numa modorra dorminhoca... as páginas não perdidas foram simplesmente não escritas ... porque não me apeteceu, porque fazia muito calor a a minha capacidade de fazer alguma coisa estava reduzida ao mínimo ou, simplesmente, porque o google não abria e a net estava sempre a cair. Não, não era por falta de energia, que é intermitente e todos os dias tem de desaparecer, nem que seja por um bocadinho, para todos vermos como ela é importante... faltando a energia na rede, havia a do gerador mais ou menos barulhento e, na falta de combustível, a bateria do computador e o candeeiro a petróleo, para noite dentro ver as teclas das letras que se amontoam nestes textos desconexos.
Nada... tenho tido preguiça... preguiça de quase tudo... só me apetece ficar a modorrar, sem fazer nada, sem qualquer movimento, sem que o cérebro exprima algum pensamento ou alguma ideia mais elaborada... simplesmente parado.
Contudo, tenho lido alguma coisa.... o último romance do angolano Manuel Rui A Janela de Sónia , bem como um romance do José Rodrigues dos Santos, que cá encontrei, Codex 623, sobre as origens do Cristóvão Colombo. Reli Ondajki, esse menino fadado das letras angolanas. Será com Ondjaki que, voltando a Portugal e às minhas lides profissionais como professora, que começarei a falar às crianças de África e de Angola, a fim de dar cumprimento ao plano com que me candidatei à licença sabática.
Mais, aqui nunca poderemos planificar nada com uma margem mínima de segurança. Tinha tudo previsto e combinado para estar em Luanda esta segunda feira de manhã. Cerca das 9h, tudo se alterou. Para dar cumprimento ao previsto, tinha de ir, à pressa, arranjar um taxi-candongueiro... não arranjei, porque em abono da verdade, senti um medo incrível em enfrentar a estrada, conduzida por um desconhecido... Alguém faz ideia como cá se conduz? Só os que cá vivem. Contado é muito difícil... falta de confiança no outro? evidentemente. Toda a falta de confiança... e, depois como regressava? tenho de gaantir um mínimo de conforto, senão é tudo bué de difícil.
Então, escrevi vários emails e fiz allguns contactos que necessitava fazer.
De tarde, se não me der a inatividade total, von acabar de ler uma obra sobre Fidel e Che, que para mim é importante até do ponto de vista da minha investigação.
Se conseguir, retomar o estudo do nacionalismo branco em angola e da FUA, um auxiliar preciso no meu trabalho. Assim, como esta tese de doutoramento está muito bem feita, dedico-me, em exclusivo, ao nacionalismo africano, o que não é pouco.
Precisava de escrever outro tipo de texto... mas não consigo.
Reconheço a minha inteira incapacidade de fazer melhor.

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