Lembranças
lembras-te quando os dias ainda corriam calmos
e era possível o entrelaçar dos dedos?
era já inverno
mas o calor deixava que entreabrisse o decote
e o peito se agitasse a um ritmo tropical.
n café de todos os dias
esperava um cinzeiro
cama última de cigarros esquecidos
na voragem das palavras que atrapalhavam a boca.
eram tempos de dias calmamente agitados
mas de uma feliz agitação irresponsavelmente vivida
contávamos os minutos
sentados em cadeiras estranhas
e com os olhos devorávamos lábios
que pronunciavam frases indizíveis.
eram tempos de sobressalto
e também de angústias e de medos pressentidos
mas gloriosamente ignorados.
agora
que a penumbra ensombra os dias claros
e o sobressalto dá lugar a uma tristeza inaudível
percorro os lugares de sempre
na inquietação dum retorno impossível.
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Lembras-te das mensagens emergentes e intensas de tudo e de nada que trocamos por necessidade de contacto, afinidade e procura de respostas?
ResponderEliminarLembras-te dos encontros matinais à volta da mesa do café, com a vidraça que permite os olhares dos "outros" que se cruzam no nosso quotidiano?
Lembras-te do consolo que só tu és capaz de me dar? A palavra, o olhar, o riso e a desmistificação...contigo tudo se torna mais fácil.
Lembras-te das viagens percorridas pelas palavras e emoções?
É tão bom viajar mesmo sem sair daquela mesa de café; e como nós o conseguimos, Amiga!
Graça