quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

sobre a inspiração

Diziam-me à bocado que os grandes compositores escreveram grandes obras em estados de grande exaltação do amor ou de amores não concretizados, simplesmente idealizados em que a coisa amada era ou estava inacessível. Beethoven foi um desses compositores..
Talvez ... quem sou eu para duvidar
De certo modo a inspiração, para qualquer coisa que seja necessária, comporta uma grande dose de emoção, de adesão àquilo que se transformará num objecto, o que não se passa somente com os compositores.
Pessoa dizia que o poeta é fingindor, fingindo uma dor que sem ser sua, sua passa a ser. O Poeta não escreveu bem assim, mas a ideia é esta. Daí que eu tenha para mim que a dor dos outros (mas também o êxtase, a felicidade, a revolta, o choro e o riso) pode também ser minha e a partir dela, sem que directamente a sentisse, sentindo-a verdadeiramente, a transfiguraria num objecto que, por acaso, utiliza as palavras como suporte
No fim de contas será este estádio híbrido, misticamente indefinido, entre a razoabilidade e a emotividade que nos faz acordar todos os dias e todos os dias, inspirados ou não, fazer da vida esse acto único que é o acto de viver... e, por vezes, tão difícil que é.... dá gozo, prazer, raiva e alegria... produz encontros e desencontros, gargalhadas e lágrimas, abraços e encontrões... é exuberância e angústia, amor e ódio... mas é a vida vivida, mesmo quando aterramos no fundo de um sofá cansado e, quase inertes, deixamos passar os minutos que se transformam em horas de uma preguiça displicente, porque também é tão bom não cumprir um dever...
Mas o dever parece que me estar a chamar para outros caminhos e outras inspirações que não este de escrever num blogue com o título proocadoramente contraditório eva contra maria.
Não, não estou a ser a maria diligente, antes a eva rebelde que da rebeldia faz o estandarte da escrita.
disse

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