quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

sobre a saudade

Hoje, ao fim da tarde a G enviou-me um mail. um power point com o título saudade e escrevia que não suportaria (sic).
Não costumo ligar muito, mesmo nada, a essas coisas que circulam pela net e inundam as nossas caixas de correio (apetece-me chamar assim). Às vezes surgem paisagens belíssimas, outras vezes coisitas que pretendem ter graça, outras sexualmente desprezíveis, para não falar do que hoje não me apetece falar e por isso não vou referir...
Mas hoje a G, mandou-me aquele mail... confesso que fiquei tocada. lamechamente tocada, com um aperto no coração e os olhos quase rasos de lágrimas... o título estava a meu ver mal escolhido.
O texto e as imagens sugestivamente a preto e branco eram sobre perdas, as perdas que vamos coleccionando ao longo da vida, outras vidas que se afastaram inexoravelmente e a facilidade com que deixamos que os outros, aqueles outros que estiveram tão perto, partam para sempre, sem terem colocado um ponto final, se desvaneçam, restando unicamente em fotografias já gastas. e não me refiro aos mortos, àqueles que partiram para o não regresso. referi-me a todos aqueles que compartilhando as nossas vidas, delas saíram sem fecharem totalmente a porta. Onde estão agora? Não sabemos, como também não sabemos como haveremos de reatar o nó fatalmente desapertado.
Já tanta gente se cruzou connosco, mas só com alguma fomos felizes, ou até infelizes, até sofredores, mas de um sofrimento que alimenta, que faz crescer.
Já tanta gente passou por nós e nós não demos conta, não porque estivéssemos distraídos, mas aquela não era a nossa gente, porque de entre tanta gente que connosco se cruza, só uma parte ínfima passa a ser nossa.
E a perda diz respeito a essa imensa minoria que nos animou a vida, que nos ajudou a ser o que somos. Onde está ela?
No baú das memórias que entreabrimos quando a solidão dos dias é por demais pesada.
Também se vive de recordações e a sabedoria consiste em ter saudade do que nos fez feliz sem ficar irremediavelmente preso a esses momentos irreptíveis, mas ter força e coragem para fazer de mais momentos esses momentos únicos.

A todos os meus amigos, estejam onde estiverem, obrigada por me deixarem fazer parte das vossas vidas...

Há dias assim, nostálgicos.

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